quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

NOTICIAS

A Comissão Europeia (CE) confirmou, em carta enviada à SPEA [1], que o Calendário Venatório para 2008/2009, actualmente em vigor, viola a Directiva Aves da União Europeia. A CE informou que chegou a um entendimento com o Estado Português, em que este se compromete a corrigir as ilegalidades, mas apenas na época venatória de 2009/2010.
Até à reposição total da situação, a SPEA pede nos caçadores para que respeitem a Directiva e assegurem uma boa gestão dos recursos cinegéticos.


A Portaria n.º 345-A/2008, de 30 de Abril (actualmente em vigor) identifica as espécies que é permitido caçar, fixa os respectivos limites diários de abate e os períodos de caça para a época venatória de 2008-2009. A SPEA defendeu junto do Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas (SEDRF), por carta enviada em Junho de 2008, que este Calendário Venatório coincide com o período reprodutor e de migração pré-nupcial de várias espécies cinegéticas, violando o disposto no Ponto 4 do Artigo 7º da Directiva Aves.


Infelizmente, o SEDRF não se dignou a responder à SPEA.

CONHECER AS ESPÉCIES CINEGÉTICAS



Nome comum: Javali
Nome científico: Sus scrofa
Outras designações:Porco-montês, javardo, porco-bravo
Peso: 250 Kg macho, e 150 Kg a fêmea
Comprimento:1 – 1,5 metros
Altura máxima do garrote: 1 metro



Nos últimos anos as suas populações têm aumentado consideravelmente. A recente evolução das populações ibéricas é um bom exemplo desta tendência, pois é comum um pouco por toda a Península, mesmo nas zonas o¬nde há muito não era avistado. Nalguns países do Centro e Norte da Europa o¬nde se encontrava extinto, como a Suécia (subsistindo apenas alguns indivíduos dentro de áreas cercadas), podemos hoje encontrar algumas populações selvagens.
Esta expansão foi resultado não só da mudança radical na paisagem das zonas de montanha (de pastorícia extensiva) e das zonas agrícolas europeias no geral, mas também devido à sua elevada adaptabilidade a novas condições, à sua biologia reprodutiva (espécie prolífica) e alimentar, à maior disponibilidade de alimento nas zonas agrícolas e à diminuição das populações dos seus principais predadores, como o lobo, Canis lupus, o lince, Lynxsp., e a águia-real, Aquilla chrysaetos.
O êxodo de grande parte da população rural para as grandes cidades, conduziu ao abandono progressivo das práticas agrícolas ancestrais e a uma diminuição do número de cabeças de gado, causando mudanças drásticas no uso do solo e na estrutura da vegetação (muitas vezes tornando-se mais favoráveis para o javali).
O javali foi desde sempre um troféu bastante apreciado pelos caçadores, e actualmente, graças ao aumento das suas populações, é uma das principais, senão mesmo a principal, espécie de caça maior de muitas regiões europeias.
Em Portugal é comum em quase todo o território continental, e na Madeira existe uma população resultante do cruzamento entre o javali e o porco doméstico.
Pertence à família dos suídeos. Tem pêlo acastanhado quando adulto, e os juvenis são listados, de preto e castanho-amarelado (protecção contra predadores – mimetismo), escurecendo com a idade. Nos adultos o pêlo é forte e costuma partir nas pontas, e podem ser considerados dois tipos de pêlos, uns mais rijos, as cerdas e outros mais macios.
Pode viver entre 20 a 25 anos, embora no estado selvagem não costume viver tanto tempo.


É essencialmente de hábitos nocturnos, podendo ser avistado com maior frequência ao nascer e ao fim do dia. Na altura da reprodução, ou quando existe fraca disponibilidade alimentar, são mais facilmente observáveis, pois os animais são obrigados a percorrer maiores deslocações.

Tem na maxila superior dois dentes salientes que se costumam designar por “amoladeiras”, enquanto na inferior possui dois dentes, ainda de maiores dimensões, as navalhas (razão para a designação de “navalheiros” dos grandes machos).
De compleição forte, de perfil afilado, com membros forte e bastante ágeis. Os machos adultos podem chegar aos 250 Kg, enquanto as fêmeas não ultrapassam em média os 150 Kg.


Os animais do Norte da Europa tendem a ser maiores e mais pesados do que os do Sul do Continente. O dimorfismo sexual (traduzido por uma diferença de tamanho entre o macho e a fêmea e pela dimensão dos dentes) é maior nas classes etárias mais velhas (mais acentuado a partir dos dois anos).
Nas nossas latitudes a gestação dura cerca de quatro meses, nascendo as crias entre Fevereiro e Abril (com um pico de ocorrência em Março). Uma fêmea pode ter 8 a 10 leitões, embora o número médio se situe entre os 3 a 6, sendo a ninhada maior nas populações do Norte da Europa. A fêmea esconde normalmente a sua ninhada em zonas de densos matagais.

As diferenças na fertilidade das fêmeas, traduzidas no tamanho da ninhada, podem ser explicadas não só por factores fisiológicos da própria fêmea, pois as fêmeas reprodutoras são normalmente maiores que as não reprodutoras e pela idade das fêmeas (normalmente as primeiras ninhadas são sempre menores), mas também pela densidade populacional, pelo fotoperíodo e pela qualidade e disponibilidade de alimento.

Pensa-se que os nascimentos estarão condicionados pela ocorrência de condições climatéricas extremas. Assim, em locais de fortes nevões e baixas temperaturas, de Inverno mais rigoroso as crias nascerão entre Abril e Junho, enquanto nas zonas com estação seca bem marcada e prolongada, como a Península Ibérica nascerão o mais cedo possível, no começo da Primavera, aproveitando os novos rebentos.


Em zonas de elevada disponibilidade de alimento e com Inverno ameno, os nascimentos podem ocorrer mais cedo. No caso de se fornecer alimentação artificial, os nascimentos podem começar em Dezembro e durar até Junho (havendo alguns registos de nascimentos entre Novembro e Março).
É omnívoro, sendo a sua lista de alimentos grande e diversa. Os alimentos de origem vegetal são a base da sua dieta, que pode ser composta por plantas (ou parte delas), frutos (como a castanha, as bolotas e azeitonas), insectos, moluscos, pequenos mamíferos, aves (ovos) e, por vezes, carne em decomposição. A componente animal é sempre menor que a vegetal, e complementa esta, pois é rica em proteínas.
No geral, o javali come o que estiver mais disponível, tendo no entanto preferência por alimentos ricos, como os frutos e algumas plantas agrícolas. A sua alimentação varia de local para local, e durante o tempo. Esta variação parece ser o reflexo de diferentes disponibilidades de alimento.

Em resumo podemos dizer que em resposta às variações espaciais e temporais na variabilidade e abundância de alimento, o javali come aquilo que o meio lhe oferecer, empreendendo por vezes grandes deslocações (que podem chegar aos 250 Km) para encontrar o alimento que deseja, e aqui reside talvez uma das principais razões para o sucesso desta espécie.

Por se alimentar de plantas agrícolas, é responsável por danos avultados na produção agrícola. Contudo, uma boa parte dos estragos são resultado do atropelamento e destruição quando se desloca e quando desenterra as plantas para se alimentar das raízes. Os estragos atingem maior dimensão na Primavera e Outono, e são ainda maiores quando existe menor quantidade de frutos silvestres.

Assim, a disponibilidade de alimento é um dos factores chave para a dinâmica populacional do javali e para o sucesso reprodutivo.

A importância da alimentação advém do facto desta ser essencial para a manutenção do bom estado físico dos animais. Este pode ser avaliado pelo Índice de Condição (IC) e/ou pelo Índice de Gordura Renal (IGR).

O IC dá-nos uma relação entre o peso e o comprimento do animal, e foi definido tendo em conta o facto das variações de peso estarem relacionadas com o estado nutricional, permitindo desta forma avaliar a condição física do indivíduo. O IGR quantifica as reservas energéticas acumuladas (método bastante usado para os cervídeos).

Em relação à variação do IC ao longo do ano, podemos dizer que, de uma forma geral, ele diminui, tanto nos machos como nas fêmeas, do Inverno até ao Verão (altura em que são verificados os valores mínimos) começando a aumentar outra vez no Outono. Assim, os javalis apresentam melhor estado físico na no início da altura reprodutora (acasalamentos) e na altura dos nascimentos.
Vários estudos na Europa sobre preferências alimentares e sobre os danos na agricultura, apontam para uma preferência pelo milho (Zea mays), sendo também a cultura em que se verificam os maiores prejuízos. Os estragos assumem também proporções consideráveis em vinhas (embora neste caso fruto de destruição enquanto procura por raízes e rebentos tenros) e nos cereais. Em pastagens, o¬nde o javali procura invertebrados, revolvendo a terra, foçando, deixando marcas bem características, os estragos são de maiores dimensões em zonas de pastagens melhoradas, mais comuns no Norte e Centro da Europa, do que em regiões de pastagens naturais, como é o caso Mediterrânico). Há também registos de danos em arrozais.
Estes estudos sugerem ainda que a disponibilização de suplemento alimentar, provoca desequilíbrios na alimentação dos javalis, pois normalmente são fornecido alimentos ricos em energia, a que os danos nas culturas agrícolas sejam maiores, pois os javalis vão procurar com maior insistência alimentos ricos em proteínas nestas áreas (normalmente em pastagens).

Por forma a evitar danos, podem ser usadas redes eléctricas, avisos odoríferos, sonoros ou visuais, e obstáculos físicos.
O javali pode também constituir uma ameaça para alguns vertebrados, principalmente para as aves que fazem ninho no solo (quer por destruição de ninhos, consumo de ovos ou juvenis) e mesmo em alguns roedores. Na bibliografia disponível sobre o assunto são relatados os casos da galinhola (Scopolax rusticola), do faisão (Phasianus colchichus) e do coelho (Oryctolagus cuniculus) (em França), e na Península Ibérica a perdiz (Alectoris rufa), a lebre (Lepus capensis) e o coelho. Este efeito será tanto maior quanto maior a densidade de javali.
Existem também alguns registos de mortes de animais domésticos (embora com pouca expressão). A relação entre esta espécie e o Homem nunca foi pacífica, e o problema do cruzamento com porcos domésticos, a transmissão de doenças aos animais domésticos e os estragos na agricultura têm contribuído para que as queixas contra este animal aumentem.
As densidades de javali são normalmente da ordem dos 10 animais por 100 hectares. A sua área de acção (não é um território no sentido normal, pois não existem marcações) pode variar entre os 4 e os 22 Km2, e em zonas de caça pode chegar aos 26 Km2. Apesar de não demarcarem um território, parecem ter preferência por certos locais de dormida (descanso ou reprodução) que mantém ao longo de vários anos.
A proporção de machos e fêmeas é de cerca de 0,8 – 1:1, pois há uma tendência para existirem mais fêmeas que machos, pois este têm uma mortalidade elevada até aos 4 anos de idade, devido à maior competição entre machos adultos e os mais jovens (estes são expulsos assim que atingem a maturidade e podem mesmo ser mortos) e à dispersão destes em busca de novos territórios.

Contudo, a razão entre machos e fêmeas varia consoante a classe etária. Considerando apenas os indivíduos com idade inferior a 1 ano, a razão entre machos e fêmeas é de sensivelmente 1:1 (como nos mamíferos em geral), enquanto nas classes mais velhas o número de fêmeas tende a ser ligeiramente mais elevado (1:1,5 – 2).
A dificuldade de se calcular com maior exactidão este valor prende-se com o facto de a grande maioria dos dados dizer respeito a métodos de captura que tendem a preferenciar uma das classes (a recolha de dados tendo em conta o resultado da actividade cinegética, não nos dará resultados sobre a classe etária inferior a um ano, e se usarmos armadilhas, teremos uma maior proporção de jovens do que adultos).


Para manter a sua pele livre de parasitas costuma tomar banhos de lama (chafurdar) em locais que podem facilmente ser identificados, roçando-se de seguida nas árvores próximas.
Anda normalmente em grupos, constituídos pela fêmea e sua prole. Estes grupos (varas) são normalmente liderados por uma fêmea, que pode ser acompanhada também por outras fêmeas reprodutoras, embora apenas a líder procrie. Podem também pertencer às varas um ou dois machos mais jovens. Estes abandonam o grupo quando atingem a idade sub-adulta (normalmente expulsos pela fêmea reprodutora ou pelo macho dominante), podendo juntar-se a um macho mais velho (solítário) passando a designar-se por escudeiros. Contudo, os grandes machos passam a maior parte do tempo sozinhos.

É uma espécie bastante apreciada pelos caçadores, constituindo uma fonte de rendimentos importante em muitas zonas. Um grande macho é um troféu importante.
A carne de javali é também muito apreciada (pois tem menos gordura, quase não tem colesterol e é bastante rica em proteínas e sais minerais), sendo a sua criação para consumo directo uma actividade que vai crescendo de importância. Este tipo de actividade tem alguns constrangimentos, como a menor taxa de ganho de peso, a baixa taxa reprodutiva (quando comparada com outros animais domésticos) e a dificuldade de obtenção de animais puros. O nosso conhecimento sobre o modo de criação deste animais em cativeiro tem dificultado a sua exploração.
A gestão das sua populações assume importância fundamental, pois pode dar um contributo importante para a manutenção do tipo de zonas florestais mediterrâneas que também lhes são favoráveis, mas também conservando o habitat de outras espécies com maior risco de extinção (como a águia-imperial, Aquila adalberti).


Ao gestor cinegético cabe a escolha do número de acções cinegéticas, e de caçadores e cães que nelas participam, de modo a que a pressão cinegética seja adequada à dimensão e estrutura da população a gerir. É necessário ter sempre em mente a necessidade de garantir bons resultados na época de caça, mas também nas do futuro, pois não podemos por em risco o potencial reprodutivo das populações de javali quer em quantidade quer em qualidade dos troféus produzidos.

O combate ao furtivismo, actividade que tem um grande impacto nas nosso dias nas populações selvagens desta espécie, assume também uma relevância grande, e, infelizmente, temos de disponibilizar mais meios para a erradicação dessa prática, apostando não só na fiscalização mas também na prevenção.

CONHECER AS ESPÉCIES CINEGÉTICAS



Nome comum: perdiz-vermelha Nome científico: Alectoris rufa
Outras designações: perdiz-comum
Peso: Aproximadamente 500 g.
Comprimento: 34 cm
Fenologia: Residente

Estas duas espécies são as presas principais da maioria dos grandes predadores da Península, sendo por isso a sua gestão essencial, não só para o futuro da actividade cinegética (no que à caça menor diz respeito), mas também por complementar os esforços de conservação que têm vindo a ser realizados em Portugal e Espanha.
A perdiz é uma ave terrestre de aspecto arredondado. O cimo da cabeça é cinzento com uma faixa branca comprida que passa por cima dos olhos e listra ocular que se estende pelo pescoço até à barra peitoral malhada, envolvendo o mento e a garganta. Tem os pés e bico vermelho. A garganta, de cor creme, tem uma faixa branca marginada de preto.


Espécie gregária, podendo também ser avistada em grandes bandos, especialmente no fim do Inverno, bandos esses que são desfeitos no início do período reprodutivo. Pode ser encontrada em quase todas as regiões do nosso país, preferindo zonas mais abertas com parcelas de culturas agrícolas e outras de mato mais denso, em que existam pontos de água durante o período mais quente do ano.


Alimenta-se preferencialmente de sementes e rebentos de plantas bravias e agrícolas, consumindo também insectos (componente principal da alimentação dos perdigotos), moluscos e outros invertebrados.

Tem no mimetismo a sua maior defesa, tanto no caso dos adultos como dos perdigotos, e geralmente não usa o voo como meio de fuga, preferindo correr e esconder-se. O voo é normalmente utilizado como último recurso de fuga, voando poucos metros até uma zona com mato mais denso o¬nde se possa esconder. O voo da perdiz é geralmente curto e pesado, mas rápido e direito, emitindo um som muito característico (uma das maneiras de a distinguir da perdiz-cinzenta, Perdix perdix).


Aos machos cabe a escolha do território, a sua defesa (são bastante agressivos e não toleram a presença de outros machos). As fêmeas são atraídas através do chamamento característico. A escolha do local para o ninho é normalmente também da responsabilidade do "perdigão".

A dimensão do território varia consoante a disponibilidade de alimento, água e abrigo, e pode variar entre os 1-2 ha até valores acima dos 18 ha. É uma espécie monogâmica, iniciando de uma maneira geral a postura a partir de fins de Abril princípios de Maio a Junho numa pequena depressão no meio de vegetação rasteira.


O número médio da postura ronda os 14 ovos, mas esse número pode ir de 12 a 20. Nalguns casos verificaram-se posturas de mais de vinte ovos, que se pensa corresponderem a situações em que o macho acasalou com mais de uma fêmea (posturas comunais). Os ovos são incubados pela fêmea durante 23 a 26 dias. As fêmeas mais velhas tendem a realizar a postura mais cedo. É frequente a construção de dois ninhos consecutivos (duas posturas sucessivas) em que o macho fica encarregue da incubação de um ninho.


A percentagem de ninhos bem sucedidos andará à volta de 45%, fruto da destruição de ninhos por predadores ou pela acção do Homem (e alguns abandonados, dada a sensibilidade da perdiz na altura do choco). Se esta destruição for precoce, a fêmea pode construir outro ninho (postura de substituição) sendo a produtividade desta menor.


A percentagem de ovos eclodidos é em regra geral elevada (sendo menor nas segundas posturas, normalmente devido ao calor).


Na altura da incubação, o efeito de uma população excessiva (principalmente um elevado número de machos) pode ter como consequência uma diminuição do sucesso reprodutivo, pois os machos comportam-se de forma agressiva com as fêmeas chocas, levando-as a abandonar o ninho.
Como é uma espécie nidífuga, os perdigotos abandonam o ninho à nascença, permanecendo a ninhada junto da fêmea. O primeiro voo ocorre normalmente por volta das seis semanas de idade, estando nesta altura os juvenis menos dependentes da progenitora. Nesta altura a fraca disponibilidade de pontos de água e abrigos naturais pode diminuir a taxa de sobrevivência, pois obriga as ninhadas a percorrer maiores distâncias.


O sucesso reprodutivo pode ser avaliado através do índice jovem/adulto no fim do Verão (Agosto). Este índice pode variar desde os 0,5 até valores superiores a 4. Em Portugal são comuns valores entre os 2,5 e os 3,5. Contudo este índice varia muito de ano para ano (por exemplo devido a condições climatéricas adversas – verão mais quente e seco), e por isso a sua análise tem de ser cuidada.


No início do Outono poderão ser vistos grupos com 5 a 6 indivíduos (ou seja, dois progenitores e a sua prole), grupos estes que formarão os grandes bandos, que podem ter mais de vinte indivíduos, que se avistam no Outono e Inverno.


A densidade de perdizes depende das características do habitat, do clima, da predação e da pressão cinegética. Em Portugal são normais os valores desde os 0,01 até 1 perdiz por ha (situação excepcional pois foi verificada na Tapada da Ajuda em Lisboa). O valor médio andará por volta das 0,1 a 0,2 perdizes por hectare. Conhecem-se contudo situações em Espanha o-nde foram caçadas cerca de 5000 perdizes num couto com 1600 ha.

Os principais predadores são a raposa (Vulpes vulpes), o ginete, o gato-bravo, alguns rapináceos, o javali (Sus scrofa) e os corvídeos, estes últimos predando principalmente os ninhos e perdigotos. É de salientar ainda o efeito predador de alguns animais domésticos e assilvestrados, que muitas vezes são responsáveis pela destruição de ninhadas inteiras, especialmente os cães e gatos, causando prejuízos avultados.


A actividade do Homem pode também ser a causa da diminuição da densidade de perdizes num dado local, e mesmo do seu desaparecimento. São frequentes situações em que os agricultores e pastores têm pouco cuidado, sendo responsáveis pela destruição de ninhos e pela morte de ninhadas provocadas por máquinas agrícolas e pela perturbação causada pelos rebanhos. Estas situações podiam ser muitas vezes evitadas, bastando para tal manter a tranquilidade de zonas com elevada densidade de perdizes na altura do choco, atrasando alguns dias as práticas referidas.


Esta espécie gosta de zonas sem grande coberto para caminhar, pois conseguem assim detectar a presença de predadores, são por isso avistadas com frequência nos asseiros e caminhos rurais. A existência de pontos de água (charcas, pequenas barragens e cursos de água) é também favorável à ocorrência de perdizes (bem como de toda a fauna bravia), pois ajuda as famílias a passar os meses mais quentes do ano.

Parece ter alguma preferência por zonas em que a presença de sebes, caminhos e muros é maior, pois junto a estes desenvolve-se uma estrutura de vegetação que, para além de bom local para o ninho, proporciona alimento e local de abrigo.


Para além da diminuição de habitat e da pressão cinegética (muitas vezes associada a uma gestão pouco racional) as nossas populações bravias estão a diminuir devido a repovoamentos mal feitos, muitas das vezes recorrendo a indivíduos de cativeiro de má qualidade, causando um novo tipo de perturbação, a poluição genética, pois estamos a perder as características da nossa perdiz ao cruzá-la com indivíduos de outras espécies.


Nos terrenos de regime livre, o¬nde não existe gestão cinegética (para além das restrições de calendário e de exemplares caçados), esta bela ave praticamente desapareceu. Nas zonas o-nde foram implementadas Zonas de Caça (principalmente turísticas) a população de perdizes parece estar a aumentar, resultado de algumas medidas de gestão implementadas com sucesso, de uma diminuição (e controlo) da perturbação e devido a uma gestão mais eficaz da pressão cinegética.

Como exemplo de algumas medidas (umas de mais fácil implementação que outras) que podem favorecer as populações de perdiz podemos salientar:

- a manutenção de pontos de água (a construção de pequenas charcas);

- comedouros e bebedouros;

- evitar sempre que possível o corte de culturas forrageiras nos locais de maiores densidades (ou exercer uma perturbação regular entre Janeiro e Março nas folhas destinadas a serem gadanhadas, ou ainda semear com densidades elevadas;

- montagem de uma barra com correntes suspensas (espanta caça) à frente da gadanheira;

- repovoamentos;

- culturas para a fauna;

- disponibilidade elevada de locais (ou zonas) de abrigo;

- controle de predadores, principalmente a raposa e a pegas (Pica pica e Cyanopica cyana).

Assim, é uma espécie que carece de medidas adequadas a uma gestão sustentada de um recurso importante não só para a economia regional, mas também para a conservação de muitas outras espécies (não só de predadores, mas também espécies com necessidades semelhantes às da perdiz).

CONHECER AS ESPÉCIES CINEGÉTICAS



CONHEÇA AS ESPÉCIES CINEGÉTICAS
Codorniz
Nome vulgar: Codorniz
Nome científico: Coturnix coturnix

CARACTERES IDENTIFICATIVOS
É o mais pequeno galináceo europeu, o único com hábitos migratórios e pode ser
brevemente descrito como "um perdigoto de algumas semanas".
A cor geral de ambos os sexos é a parda, com o dorso e flancos listados
O macho apresenta a garganta com riscas negras,
enquanto que a fêmea a tem amarelada, sem riscas e
apresenta o peito muito manchado.
É uma ave de observação difícil, levanta com bastante
dificuldade, num voo curto e baixo. O contacto auditivo é
o mais vulgar, sendo o seu canto bastante característico e
invulgarmente forte.

DISTRIBUIÇÃO
A codorniz é uma migradora parcial. O seu
ciclo migratório é bastante complexo. Além de
longos, médios e curtos migradores, há
também indivíduos sub-sedentários.
Em Portugal, a chegada das primeiras vagas
migratórias ocorre a partir de Março com um
máximo em Abril/Maio, sendo que as vagas
migratórias de Outono se iniciam em Agosto,
sucedendo-se até Dezembro, com uma quebra
em Novembro1

(1 Fontoura, A P; Gonçalves, D., 1998 - Contribuição para a conservação e gestão cinegética da codorniz)
(Coturnix coturnix) em Portugal. CECA-ICETA/UP.

HABITAT E ALIMENTAÇÃO
Paisagens abertas, planas ou ligeiramente onduladas,
dando preferência a espaços com coberto vegetal
complexo, geralmente inferior a 1 m de altura. O habitat
original seria do tipo estepário, mas adaptou-se bem aos
grandes espaços agrícolas e suas culturas1
A codorniz alimenta-se de sementes, invertebrados e plantas verdes. A sua proporção no
regime alimentar varia com o estado de desenvolvimento e ciclo anual desta espécie. Os
jovens recém-nascidos são predominantemente insectívoros. Depois de quatro semanas
de vida, a dieta é idêntica à dos adultos e fundamentalmente granívora. Durante a fase
de reprodução, o consumo de invertebrados, em especial por parte das fêmeas, aumenta
consideravelmente1.

COMPORTAMENTO E REPRODUÇÃO
A codorniz nidifica em áreas tradicionais de reprodução (2 a 10 ha). O ninho é construído
com vegetação adventícia, geralmente na margem ou próximo de parcelas agrícolas.
Em média, são postos 10 ovos, com uma taxa de eclosão de cerca de 97%, sendo a taxa
de sobrevivência aos 2 meses de 40%. É de esperar duas posturas por ano. Em Portugal,
o período reprodutivo é longo, sucedendo o pico de reprodução entre Junho e Agosto1.

ORDENAMENTO DA ESPÉCIE
A codorniz é uma espécie cinegética muito apreciada, existindo caçadores
verdadeiramente especializados na sua caça. Algumas práticas agrícolas, pastorícia,
tratamentos fito-sanitários e técnicas de cultivo condicionam a utilização do habitat e
influenciam negativamente a distribuição das populações. Para minimizar estes
impactos:
• Favoreça a diversidade do habitat tipo, implantando pequenas parcelas com
culturas forrageiras destinadas à fauna ou pequenas áreas sem mecanização
agrícola.
• Use de cuidados especiais nas ceifas das colheitas, sendo preferível ceifar de
dentro para fora ou realizá-la por faixas. É aconselhável a colocação de
2 In Livro vermelho dos vertebrados de Portugal, vol. I - mamíferos, aves, répteis e anfíbios. Serviço Nacional
de Parques e Conservação da Natureza, Lisboa, 1990.
dispositivos na frente de tractores ou de ceifeiras mecânicas que afugentem
os animais escondidos nas searas; se possível realize os cortes a mais de 30
cm de altura.
• Não abuse dos pesticidas e herbicidas, sendo aconselhável a utilização de
produtos com baixa toxicidade para a fauna selvagem e deixe uma faixa
exterior sem tratamento.
• O tratamento dos terrenos marginais deve ser evitado.
• Utilize menores densidades de sementes nas margens das parcelas a cultivar.
• É desaconselhável realizar a queima dos restolhos. Caso o faça é preferível
realizá-la por faixas e não em círculos a fim de possibilitar a fuga de animais.
• Evite que os cães e os gatos vagueiem pelos campos.
Lembre-se que não pode utilizar para fins cinegéticos ou de repovoamento exemplares
da codorniz japonesa ou híbridos desta. O efeito negativo destes sobre as populações
autóctones é amplamente reconhecido1.

A CODORNIZ PERANTE A LEI
O período venatório prolonga-se de Setembro a Dezembro.

PROCESSOS DE CAÇA
Os processos de caça autorizados para a codorniz são: de salto e de cetraria.

LOCAIS E OUTROS CONDICIONALISMOS
Em terrenos cinegéticos não ordenados, a caça à codorniz no mês de Setembro só é
permitida nos locais e nas condições definidos por edital da DGF.

CALENDÁRIO VENATÓRIO
Por factores de ordem biológica, dentro dos limites referidos, é estabelecido por portaria,
para cada época venatória:
• A data de início e fim do período venatório;
• Os processos de caça;
• Os limites diários de abate.

ZONAS DE CAÇA
Nas zonas de caça, para além das limitações gerais estabelecidas por lei, a caça a esta
espécie está sujeita a normas especiais de acordo com os respectivos planos de gestão,
de ordenamento e de exploração.

A caça é um produto da terra. Cultive-a!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

MAU TEMPO

O MAU TEMPO TEM ESTADO A IMPEDIR QUE SE REALIZEM UMAS JORNADAS DE TORDOS INTERESSANTES. TANTO NA NOSSA RESERVA COMO EM TODO O PAÍS EM GERAL.
TENHO IDO FAZER UMAS CAÇADAS ESTE ANO E JÁ ESTIVE EM TRINDADE QUE PERTENCE AO CONCELHO DE VILA FLOR, EM VILA NOVA DE POIARES QUE PERTENCE AO CONCELHO DA RÉGUA E TAMBÉM EM BRAGANÇA E EM TODOS ESTES SÍTIOS OS TORDOS PRIMARAM PELA AUSÊNCIA.
TEMOS DE DAR O BRAÇO A TORCER, ESTE ANO NÃO É ANO DE TORDOS. VAMOS PENSAR EM LIMPAR ARMAS E VER O QUE SE PODE FAZER PARA QUE ESTE ANO CINEGÉTICO SEJA MELHOR QUE 2008.

domingo, 18 de janeiro de 2009

O CASAL DA JUNTA DE CARNES


O NAVALHINHAS





O meu primeiro Javali
Desde as 10H00 da manhã e após ter colocado todas as portas da minha armada que esperava com alguma impaciência.
O dia não estava a correr de feição pois estavam a acontecer alguns azares com a família que vinha do Porto para passar comigo o fim-de-semana, muito provavelmente tinha de abandonar a montaria mais cedo para os ir buscar ao Entroncamento, azar....
De alguma forma a providência tomou conta de mim neste dia, ainda tinha que ter o meu momento decisivo ......
Por volta das 14h00 ouço umas ladras e fico logo com todos os sentidos em alerta máximo. Passados uns segundos vejo um Porco que se furta aos cães a correr pelo monte abaixo. Vem muito adiantado aos cães e bastante confiante.
Depressa saio do lugar e vou-me posicionar junto das passagens á espera de alguma surpresa. Caso tente fugir em direcção ao Tejo ao atravessar a estrada estou em posiçao para lhe atirar, mas ele não vacila e vem confiante pela sua passagem (quantas vezes não o fez já?), conhece-a melhor que ninguém.
De joelho no chão coloco a arma á cara e quando o avisto a sair das giestas, aponto ao codilho , aperto o gatilho, o tiro parte e o Porco fica de patas ao ar. Sucesso penso eu e logo ao primeiro tiro, boa.
Mas estes bichos têm uma resistência fora do comum, dá uma volta pôe-se de pé, continua a sua carreira como se nada fosse, parte novo tiro e novamente aterra de focinho no chão (pudera com duas balas SAUVESTRE no corpo), mas volta a arrancar como uma locomotiva, desta vez na minha direcção (queria vender cara a sua vida, estes bichos são impressionantes), espero calmamente e a três metros mais ou menos desfecho-lhe um terceiro tiro, desta vês em cheio na cabeça e estatela-se com um grunhido surdo quase a meus pés.
Só vos posso dizer que o Porco vendeu cara a sua vida e concedeu-me um lance de caça maravilhoso, é certo que o vivi sozinho mas parti-lho-o agora com vocês.
Foi o meu primeiro, já tinha vivido muitos lances alguns até com ferimentos de animais mas nenhum cobrado até á data, como lance de caça considero-o o melhor, por algum motivo é meu.
Como lição serve para todos, sejamos pacientes, respeitemos os postos, colegas e nada de precipitações, as coisas irão levar o seu curso normal e o tal dia irá chegar.

O DIA DA MONTARIIA







SÁBADO DIA 17 DE JANEIRO DE 2009.
O DIA COMEÇOU FRIO E COM BASTANTE NEVOEIRO, MAS NÃO FOI SUFICIENTE PARA DESENCORAJAR 36 MONTEIROS QUE SE REUNIRAM PARA MAIS ESTE EVENTO QUE É UMA MONTARIA.
COMEÇOU-SE COM UM BOM TACO E CHEGADOS OS MATILHEIROS, COM AS SUAS COMPANHIAS (OS CÃES)DEU-SE INICIO AO SORTEIO E FOMOS PARA A MANCHA.
O TRABALHO DAS MATILHAS FOI BOM, A MONTARIA DECORREU COM NORMALIDADE E NINGUÉM SE ALEIJOU O QUE É DE LOUVAR. NA JUNTA DE CARNES APARECERAM DOIS PORCOS DE BOM TAMANHO (UM MACHO "NAVALHINHAS" E UMA FÉMEA DE BOM PORTE)
O ALMOÇO GERIDO PELO SR. CÉSAR E AUXILIADO POR ALGNUS DOS SÓCIOS COMO SEMPRE ESTAVA EXCELENTE, (COMEU-SE JAVALI COM LOMBARDO "COISA FINA").
NO FINAL E APÓS UM DISCURSO EMOCIONADO DO EXMO. SR. PRESIDENTE FOMOS ESFOLAR OS BICHOS E APÓS CONFIRMAÇÃO PELO SR. DR. VETERINÁRIO DE QUE OS ANIMAIS ESTAVAM EM BOAS CONDIÇÓES PROCEDEU-SE AO SEU ACONDICIONAMENTO, ATÉ AO PRÓXIMO ALMOÇO.
NÃO FOMOS EMBORA SEM PROVAR UMA FEBRA NA BRASA SÓ COM SAL (DELICIOSO).
CADA UM RUMOU A SUAS CASAS COM UM DIA BEM PASSADO E EM BOA COMPANHIA. A TODOS QUE CONTRIBUIRAM PARA ESTE DIA UM MUITO OBRIGADO E VOLTEM SEMPRE.
PARA TERMINAR SÓ FALTA REFERIR QUE OS SORTUDOS MONTEIROS FORAM O SR. GUEIFÃO E O SR. REIZINHO A QUEM FOI FEITO O BAPTISMO. PARA ELE BEM VINDO Á FAMÍLIA DOS MONTEIROS.
P.S. EM BREVE COLOCAREI TODAS AS OUTRAS FOTOS RESTANTES.

sábado, 3 de janeiro de 2009

LOCAL DA CONCENTRAÇÃO / MANCHA



MONTARIA 17-JANEIRO-2009






ASSOCIAÇÃO DE CAÇADORES DO CONCELHO DE MAÇÃO
BOLETIM INFORMATIVO
Envendos, 29 de Dezembro de 2008
Estimado Sócio:
Esperando que tenha passado esta época natalícia da melhor forma e
desejando-lhe um bom ano de 2009, vimos por este meio informar V. Exa., que
no próximo dia 17 de Janeiro de 2009, irá realizar-se na nossa reserva
associativa, uma Montaria aos Javalis.
Por motivos de gestão, agradecemos que se inscreva o mais breve
possível. Solicitamos também a divulgação da mesma no seu círculo de
amigos.
Inscrições:
• Sócios e Proprietários – 15€
• Não Sócios – 50€
- O pequeno-almoço e o almoço estão incluídos na inscrição.
- A concentração será no Centro de Convívio de Avessada, das 7h às 8h.
- O prazo limite das inscrições é no dia 15 de Janeiro de 2009.
Inscrições e Informações:
JORGE MATOS, Tlm.: 927 429 212
VICTOR GONÇALVES, Tlm.: 919 198 969