ACCM 05 OUTUBRO 2018
Saudades da caça ou o
que for.
Passaram dois anos,
são 730 dias, 104 semanas, 24 meses e alguns trocos.
Durante todo este
tempo quase que me habituei a ver os outros a irem desfrutar dos dias de caça, aquele
dia da abertura que tantas borboletas faz no estômago, e eu nada, tive de ficar
parado sem ter outra coisa a fazer, que ser esperar.
Sim, estive estes
dias todos sem poder sair ao campo e poder ver os nossos amigos de quatro patas
amarrados a uma perdiz, correr atrás dum coelho e serem enganados por uma
lebre.
A minha amiga está “calada”
este tempo todo, não deu um “berro” que fosse, esteve ali, quieta, fiel ao seu
dono, mas o dia há-de chegar.
O campo entretanto
vai-se enchendo de vida, o gozo que me dá, andar por esses cabeços, ver e
descobrir que afinal aquela perdiz não estava sozinha, tem a prol toda a seu cargo,
e é um fardo muito grande de se carregar, são muitos bicos para cuidar,
percorrer calcorreando terra, estes montes por vezes sem nada, para nos dar a
nós o prazer de as caçar.
A coelha que tira
da sua barriga os finos pelos para forrar a “lura”, onde deixa as sementes que
germinaram dentro dela por umas semanas, e que os engorda rapidamente, dentro
de alguns dias estarão prontos a fazerem
as nossa delicias.
Tudo isto ninguém
me tirou, nem tirará.
Muitos assassinos
de terras e florestas escaparão impunes á justiça, mas não escapam á justiça
divina, que um dia nos levará a todos. Tiram momentos e alegrias, alteram
rotinas, mas nós conseguimos mais uma vez sobrevir e vamos ultrapassar estas
adversidades.
Para o ano que vem
cá estaremos todos juntos e com mais vontade que antes, este nosso vicio que
nos faz descansar mal, fará com que nada nos altere o ADN.
Uma vez caçador,
caçador para sempre.
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