Avessada, 7:30 h de uma manhã caracterizada pelos habituais nevoeiros que num momento se dispersam e no momento seguinte se instalam persistentemente nos vales locais.
Chegam os primeiros aficionados, ” o cozinheiro”, diligentemente assessorado por um “madeireiro” de ocasião, apresta-se, à boca do forno, a fornecer o combustível necessário para que este atinja a temperatura apropriada para a confecção do inevitável almoço.
Pouco a pouco, vão chegando os “resistentes” que à força de um café madrugador, acompanhado por uma tentação de chocolate (especialidade albicastrense- cortesia do A Lopes), removem as pequenas névoas nocturnas que trazem no olhar de ontem.
Preparativos concluídos, destinos traçados para dois grupos com objectivos diferentes (coelho e perdiz) e começa mais uma jornada, a 2ª, em que as “vermelhinhas” por um lado e os “orelhudos” por outro, serão o prémio apetecido para os 12 companheiros que puderam marcar presença.
No terreno, homens e seus fiéis canídeos, impacientes pela inactividade prolongada, iniciam as “hostilidades”, enfrentando mato denso e cada vez mais difícil de transpor. Da caça nem vestígios e, 15 minutos depois, na sequência de uma prova de obstáculos por entre silvados, tojos, carquejas e estevas da minha altura, está completo o habitual banho matinal, totalmente ecológico e sem quaisquer gastos energéticos, oferta da empresa “Mãe-Terra”.
A bom ritmo por montes, vales, plantações de eucaliptos e um ou outro olival disperso, continua a caminhada com os cães dando boas indicações da presença recente das vermelhinhas, mas estas, com o saber acumulado de gerações, esquivam-se facilmente não permitindo sequer que as vislumbremos mesmo à distância. Acumulam-se os passos, ouvem-se dois tiros, avista-se uma perdiz, cobra-se uma outra, que mestre Jorge fez aterrar de emergência e que em desenfreada correria procura furtar-se ao nariz apurado do perdigueiro. Esgota-se o tempo, acumula-se o cansaço e instala-se a descrença no retorno ao ponto de partida. Mais a sul, o grupo dos coelhos, solidário com os agricultores locais, procura incessantemente remover um enorme balsedo onde uma vermelhinha, distraída, tombou vítima de um “colapso” fulminante.
Furam-se as balsas, homens e cães são brindados pela autodefesa do silvado que lhes regista na pele a ousadia de se infiltrarem nos seus domínios. Da perdiz, manjar demasiado precioso para ficar por ali à mercê de uma qualquer raposinha esfomeada, nem sinal. Aproximamo-nos e o “chefe”, do outro lado do ribeiro, exclama: “ Zé, traz aí a Kuka”. A breton, que não volta as costas ao serviço, toma ares, dá sinal da vermelhinha, interna-se no silvado e, depois de duas voltas ao “circuito espinhoso”, aparece com a bicha na boca entregando-a ao seu tratador e recebendo, como é da praxe, os carinhos devidos pelo seu esforçado desempenho.
Retomamos o caminho de regresso. As estratégias, há muito definidas, resumem-se agora no retorno ao ponto de partida. Juntos, no regresso, os dois grupos avançam para a etapa final e, não eram ainda percorridos cem metros, junto a três ou quatro pinheiros jovens devidamente alinhados, três cães param de rompante assinalando a presença de caça nas imediações. Mestre Jorge e Mestre Abílio, algo surpreendidos com a ocorrência, não reagem em tempo útil e a bichinha, a coberto da flora local, dispara vale abaixo contemplada com dois “pregos” made in mestre A Lopes que, perante a clara falta de eficácia, se alistou de imediato no núcleo da Avessada dos “protectores da fauna local”.
Acresce apenas um agradecimento especial aos amigos coelheiros que nos têm acompanhado, com os seus canídeos, nestas caminhadas cinegéticas de convívio, comunhão e respeito com a Mãe-Terra.
Outros dias virão, boas caçadas…
zeg
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