O KING
A MISSY
História
O perdigueiro português é um cão de parar que está integrado no 7ºGrupo da Federação Cinológica Internacional (FCI) - cães de parar. Em Portugal, entre raças nacionais e estrangeiras, é o cão de caça mais registado em Livros de Origens e um dos mais populares entre todos os cães.
Com raízes remotas nos milenares cães de busca ibéricos que tinham a faculdade de se imobilizar na presença da caça, o nosso perdigueiro é uma das raças mais antigas do Mundo, com características morfológicas e funcionais idênticas às actuais pelo menos há 1000 anos. Actualmente é o único representante reconhecido pela FCI do antigo perdigueiro ibérico de pêlo curto. Ao longo dos séculos foi criado nos canis reais, da nobreza e do clero e utilizado na busca de caça ferida em montarias, na caça de altanaria e na caça com rede a lanço. Com a utilização das armas de fogo na caça, passou a ser usado como cão de parar e de cobro.
Estalão Morfologico
ORIGEM: Portugal
DATA DA 1ª PUBLICAÇÃO do Estalão Oficial: 1939.
1ª revisão: 1962; 2ª revisão (actual): 2004
UTILIZAÇÃO: Cão de Caça
CLASSIFICAÇÃO FCI: 7ºGrupo Cães de Parar c/ Provas de Trabalho
HISTÓRIA:
O Perdigueiro Português tem origem na Península Ibérica a partir do antigo Perdigueiro Peninsular, tronco comum a outras raças de cães de parar; resulta da conjugação de um processo de adaptação ao clima, terreno e tipo de caça e de factores de selecção introduzidos pela especificidade sociocultural do povo português, que o vem criando com fins venatórios há séculos.
A sua existência está documentada em Portugal pelo menos desde o século XII. No século XIV era conhecido como "podengo de mostra" evidenciando já a possibilidade de parar perante a caça; era criado nos canis reais e da nobreza e utilizado na caça de altanaria. No século XVI, já designado como perdigueiro, era comum o seu uso pelas classes populares.
A fixação das actuais características e sua difusão por parte de um grupo de criadores e caçadores tem início no primeiro quartel do século XX.
ASPECTO GERAL:
Proporções importantes
Cão mediomorfo, rectilíneo, tipo bracóide, robusto mas de conformação harmónica aliada a manifesta elasticidade de movimentos.
Comportamento - Carácter
Extremamente meigo e afectivo, resistente, dotado de grande capacidade de sofrimento e entrega. Calmo e bastante sociável mas um tanto petulante para os da sua igualha. Curioso por natureza, trabalha com persistência e vivacidade. Nada egoísta, tem sempre em vista servir o caçador, com o qual mantém permanente contacto.
CABEÇA:
Proporcionada de tamanho em relação ao corpo, bem conformada e harmónica nas suas dimensões, dá a impressão de maior grandeza no conjunto. Um pouco grossa, não ossuda ou empastada. Revestida de pele flácida e fina, que não deve enrugar.
Rectilínea de perfil e quadrada vista de frente, com nítida separação do chanfro e das regiões crânio-faciais. Há convergência dos eixos longitudinais superiores do crânio e chanfro.
Região craniana: Crânio quadrado, de linha superior quase plana vista de frente e ligeiramente abaulada de perfil, tem um comprimento que não deve exceder 6/10 do comprimento total da cabeça de onde um índice cefálico total de 60%.
De frente a testa é quase plana, alta, larga e simétrica, ligeiramente abaulada de perfil. Arcadas supraciliares bem desenvolvidas. Sulco frontal largo e pouco profundo. Crista occipital apenas perceptível.
Stop bem marcado (90-100º).
Região facial: Trufa (Nariz): Em rectangularidade com o chanfro e lábio superior, de boa conformação, bem desenvolvida, narinas amplas, húmidas, de larga abertura. De cor preta.
Chanfro: Rectilíneo e horizontal, de largura igual a metade do comprimento, sendo este 4/10 do comprimento total da cabeça. Boca medianamente fendida, de mucosas irregularmente pigmentadas, deve fechar bem permitindo a normal sobreposição dos lábios superiores.
Lábios: Lábios superiores pendentes, pouco carnudos, quadrados de perfil, formando ângulo recto com a linha do chanfro, boleados na ponta em semicírculo e quando vistos de frente, formando um ângulo agudo na margem inferior; unem-se aos inferiores por comissuras flácidas e pregueadas, com cantos descaídos.
Mandíbulas/dentes: Dentição sã, correcta e completa, com articulação em tesoura.
Face: Paralelismo entre ambas. Prega retro-comissural apenas perceptível, com região parotídea cheia.
Olhos: Grandes, expressivos, com vivacidade, castanhos de tonalidade mais escura que a pelagem; ovais com tendência para arredondados, horizontais, à flor da cabeça e enchendo a órbita. Pálpebras finas e bem abertas, de pigmentação preta.
Orelhas: De inserção alta (limitada atrás pela junção cabeça - pescoço), pendentes, quase planas (um ou dois sulcos longitudinais quando atento), triangulares bastante mais largas na base que na ponta (relação 2,5 x 1) e de vértice arredondado, medianas de comprimento, pouco mais que o comprimento do crânio (15 x 11 cm). Delgadas, macias, revestidas de pêlo fino, denso e raso.
PESCOÇO
Direito, ligeiramente arredondado no terço superior, de comprimento não inferior ao comprimento total da cabeça, não muito grosso e guarnecido inferiormente de curta barbela, deve ligar-se à cabeça de forma graciosa segundo uma inclinação aproximadamente de 90º e ao tórax sem apreciável transição.
CORPO (TRONCO)
Linha superior: rectilínea, subindo muito levemente da garupa ao garrote.
Garrote: não muito alto e um pouco empastado.
Dorso: curto, largo, rectilíneo e ligeiramente oblíquo descendente até à região lombar à qual se une sem apreciável transição. O lombo deve também ser curto, bastante largo, de forte musculatura, ligeiramente arqueado e soldar-se bem à garupa.
Garupa: proporcional largura em relação à região lombar, conformação harmónica e um eixo de pequena obliquidade parecendo ligeiramente descaída.
Peito: alto e largo, com boa amplitude do tórax, mais desenvolvido no sentido da altura e profundidade do que em largura, descendo ao codilho. Costelas de curvatura bem pronunciada na parte superior e de apreciável largura dando à cavidade torácica por elas circunscrita e em secção, a forma de uma ferradura unida pelas partes terminais dos ramos.
Linha inferior: do esterno à virilha esta linha é ligeiramente oblíqua para cima e para trás proporcionando com a linha superior do tronco elegância de formas, para o que contribui um ventre de pequeno volume ligando-se à anca em arco de circunferência; a pequena distância que separa a anca da última costela, confere ao flanco um aspecto curto e cheio.
Cauda: Amputada, de modo a cobrir os genitais sem os ultrapassar, ou inteira, de tamanho médio, sem ultrapassar o curvilhão. Direita, de média inserção, grossa na base, adelgaçando gradualmente mas não muito. Bem presa, bem saída, em perfeita continuidade com a linha média da garupa. Em estação cai naturalmente, nunca entre as coxas. Em movimento, eleva-se na horizontal ou um pouco acima, mas nunca na vertical ou em foice.
MEMBROS
Membros anteriores: Em estação, vistos por diante, são aprumados e em perfeito paralelismo com o plano médio do corpo. De perfil, aprumos normais. Da observação em conjunto resulta uma grande estabilidade de apoio e natural facilidade de andamentos.
Espádua: Comprida, de regular inclinação, bem colocada e um pouco carnuda. Ângulo escapulo - umeral de 120º.
Braço: Junto ao tórax, o seu comprimento está em relação com a distância que separa o garrote do ombro e a obliquidade com o grau de inclinação da espádua.
Codilho: Separado do tórax pela axila, íntegro, bem descido, equidistante do plano médio do corpo, sem convergência ou divergência em relação ao peito. Ângulo úmero - radial de 150º.
Antebraço: Desligado do tronco, comprido, direito e em manifesta perpendicularidade com o chão, tanto de frente como de perfil.
Metacarpos: Em perfeita continuação com o antebraço, largos, ligeiramente oblíquos e proporcionais em comprimento.
Mãos: Proporcionais em relação ao comprimento dos membros, tendendo para o arredondado mais que para o comprido, mas sem se assemelhar ao pé de gato. Dedos bem conformados, juntos, conferindo uniformidade e solidez no apoio. Tubérculos digitais bem desenvolvidos e altos, de epiderme negra, espessa, dura e resistente. Unhas bem nascidas, duras e pretas de preferência.
Membros posteriores: Aprumados vistos por detrás; em perfeito paralelismo com o plano médio do corpo; de perfil, aprumos normais.
Coxa: Comprida, larga, musculosa. Nádega em curva mais ou menos acentuada, comprida e um pouco em relevo. Ângulo articular coxo-femural de 95º.
Joelho: Um pouco abaixo do abdómen, não muito afastado dele, babilha ligeiramente saliente e um pouco desviada para fora. Ângulo articular fémuro - tibial de 120º.
Perna: Boa direcção, de comprimento proporcional ao da coxa, a sua obliquidade deve estar relacionada com a inclinação da garupa.
Jarrete: Normalmente aberto e bem colocado, de completa integridade, largo e grosso. Ângulo articular tíbio - társico de 145º.
Metatarsos: de comprimento médio-curto, verticais, aproximadamente cilíndricos, de regular grossura e enxutos.
Pés: Idênticos às mãos mas de conformação um pouco mais alongada.
ANDAMENTOS: Movimentos de locomoção normais, fáceis e garbosos. Polivalente na sua função e muito adaptável aos variados terrenos, climas e tipos de caça, alterna o galope de suspensão simples e o trote largo, fácil, cadenciado.
PELAGEM:
O pêlo deve ser curto, forte, bem assente, pouco macio e denso, distribuído naturalmente por todo o corpo e quase por igual, excepto nas axilas, virilhas, terços e bragadas, em que se apresenta mais disperso e mais macio. Torna-se fino e raso na cabeça e principalmente nas orelhas, que dão a sensação de aveludadas.
Não tem pelugem.
COR: Amarela nas variedades clara, comum e escura, unicolor ou malhada de branco na cabeça, pescoço, peito e calçado.
ALTURA AO GARROTE:
Machos: 56cm +/- 4cm; 20-27 Kg
Fêmeas: 52cm +/- 4cm; 16-22 Kg
DEFEITOS:
Todo o afastamento em relação ao precedente deve ser considerado como defeito que será penalizado em função da gravidade.
Cabeça: Paralelismo dos eixos crânio-faciais. Relação de crânio - chanfro diferente de 60/40%. Estreita. Crista occipital proeminente. Seios frontais muito desenvolvidos. Presença de rugas. Sulco frontal profundo.
Olhos: Pequenos, claros, pouco expressivos; redondos.
Orelhas: Inserção média, muito grandes ou muito pequenas, de vértice pontiagudo.
Chanfro: Curto ou comprido.
Ventas: De pigmentação diferente da preta.
Lábios: Lábio superior não quadrangular. Comissura labial não perceptível. Mucosas mal pigmentadas.
Dentes em pinça.
Tronco: Pescoço muito curto. Sem barbela ou barbela pronunciada.
Peito pouco desenvolvido.
Linha dorsal enselada ou encarpada. Garupa demasiado descaída.
Cauda inteira muito curta, de inserção muito baixa ou de porte descaracterizante (vertical ou em foice).
Membros: Maus aprumos e maus pés e mãos.
Pelagem: Pêlo macio.
Timidez.
DEFEITOS GRAVES:
Cabeça: Stop pouco acentuado.
Olhos: Oblíquos. Estrabismo.
Orelhas: Carnudas, de inserção baixa, excessivamente dobradas ou em saca-rolhas.
Chanfro: Oblíquo.
Corpo demasiado comprido, tórax redondo.
Ventre arregaçado.
Pelagem: Malhas não estalonadas.
Gigantismo ou nanismo.
DEFEITOS ELIMINATÓRIOS:
Cabeça: Fortemente atípica com chanfro convexo, demasiado longo ou curto; crânio demasiado estreito. Eixos longitudinais superiores crânio - faciais divergentes.
Olhos desiguais na forma e tamanho, de cor diferente. Gázeos, amaurose congénita.
Surdez congénita.
Prognatismo ou enognatismo.
Ventas almaradas.
Corpo: Altamente atípico, evidenciando sinais de cruzamento com outras raças.
Criptorquídea ou monorquídea.
Pelagem: Diferente do tipo da raça. Albinismo
Agressividade. Timidez exacerbada.
Nota: Os machos devem sempre apresentar os dois testículos, de conformação normal, bem descidos e acomodados no escroto.
Todo o cão que apresentar qualquer sinal de anomalia física ou de comportamento deve ser desqualificado.
Estalão de Trabalho
ORIGEM:Portugal
DATA DA 1ª PUBLICAÇÃO do Estalão Oficial: 1988.
ACTUALIZAÇÃO: 1993; 2006
UTILIZAÇÃO: Cão de Caça
CLASSIFICAÇÃO FCI: 7ºGrupo Cães de Parar c/ Provas de Trabalho
O Perdigueiro Português é um buscador activo, tenaz e apaixonado, que bate o terreno metodicamente em procura da caça, pondo ao serviço de tal missão todo o seu olfacto e dispensando à busca toda a atenção.
Trabalha com persistência e habilidade, adaptando-se aos mais variados terrenos e às diversas condições climáticas. Mantêm uma constante ligação com o condutor, revelando-lhe pelas suas atitudes e olhares, pela posição da cauda e ainda pela forma como anda, as impressões sentidas pela sua acuidade olfactiva.
Durante a busca alterna o galope de suspensão simples e o trote largo, fácil, cadenciado, percorrendo e batendo o terreno com iniciativa mas procurando manter-se em contacto com o condutor. Dotado de um nariz apurado, normalmente busca de cabeça alta ou no prolongamento da linha superior do dorso, tomando ventos, mas pode por vezes procurar o rasto com algum detalhe e minúcia. A cauda movimenta-se lateralmente, levada na horizontal, como que marcando o ritmo.
Quando um leve eflúvio lhe desperta a actividade sensorial, diminui gradualmente o andamento encaminhando-se na direcção de onde foi captado, orelha atenta e cauda em movimentos mais lentos. Tratando-se de um falso alarme retoma de imediato a busca no andamento inicial, mas se se apercebe que a peça está próxima, diminui o andamento, orientando-se, cabeça alta e orelhas em atenção, pescoço bem estendido. Logo que a intensidade de emanações que recebe o aconselha, pára firme: cabeça imóvel apontando na direcção da peça; olhar fixo; orelhas na posição de escuta; cauda hirta, mantida na horizontal ou pouco acima; músculos sob tensão, indiferente ao que se passa em volta.
Quando parado, mal se dá conta que a peça se deslocou apeada, guia espontaneamente em andamento lento e cauteloso, eventualmente entrecortado por curtas paragens, tentando parar a peça de novo.
Cobra em terra e na água entregando com facilidade a peça ao condutor, sem a danificar.
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