sábado, 17 de outubro de 2009

UM DIA DE CAÇA PARA FEFLECTIR

A abertura da caça , época 2009/2010, começou já no dia 04 de Setembro nos terrenos ordenados, como não poderia deixar de ser, na minha reserva também aderimos a este novo método, tão praticado em Espanha já há umas largas dezenas de anos.
Este ano cinegético não tem sido muito favorável para as espécies cinegéticas, quer seja pelo calor, quer seja pela falta de comida nos campos.

As perdizes que são o sustento de tantas reservas, não tiveram uma época boa para a sua reprodução e não devido ás condições do tempo, como defendem alguns, que alegam que as trovoadas influenciaram as posturas e a eclosão dos ovos, e, que são factos que não podemos ignorar, mas a meu ver o que mais influenciou na renovação das espécies e que foi o grande handicap no caso das perdizes foi o excesso de calor, que levou por sua vez á falta de comida e de água, a fraca eclosão das êfemeras e de outros insectos, tão importantes no inicio de vida dos perdigotos, levou a que muitos sucubissem, e o panorama da caça este ano e em todo o país reflecte-se por campos com muitos menos pássaros.
Ao nível dos logomorfos temos uma agradável surpresa pois tanto lebres como coelhos há este ano uma densidade muito elevada.
Isto tudo no seguimento daquilo que é negativo para uma espécie será benéfica para outra, como bem sabemos as melgas, mosquitos e pulgas transmitem aos coelho e lebres a maioria das suas doenças, e, este ano como foi muito seco e a erva também não abundou, não se criaram condições para estes parasitas se desenvolverem com a intensidade de outros anos, quem ganha são novamente as espécies, até parece que a natureza segue um ciclo que defende uma espécie em detrimento de outra, mas se for assim não temos nada contra pois ela sabe o que faz.
O apelo que faço e aqui deixo á consideração de todos os responsáveis de coutos, tanto associativos como túristicos e até municipais é, que tenham em conta que este ano terá de ser um ano de contenção e de ajuda ás espécies, mais que nunca elas irão precisar da nossa ajuda. Teremos de orientar os nossos sócios e clientes no sentido da preservação, pois o futuro poderá ser pior se agora não o soubermos interpretar.
A caça precisa de ajuda, tomemos o exemplo de "nuestros hermanos" e sigamos o que eles têm de positivo no que diz respeito á contenção e respeito pelas espécies.
A minha reserva não será um exemplo a seguir, mas fica á consideração daquilo que penso ser uma boa gestão sustentável, pois estamos a ponderar seriamente se iremos voltar a caçar algumas zonas da reserva, em virtude de já por lá termos passado e ao contrário de outros anos não se mostrar viável uma segunda passagem. Há uma densidade de perdizes razoável mas muito mais ariscas como se pode imaginar, e, já agora e a título de curiosidade digo-lhes que este ano tenho assistido na caça ás perdizes a dois fenómenos que em outros anos não via acontecer e que são:
1º - As perdizes ficam coladas ao terreno e só se levantam á força do focinho do cão ou quase connosco a pisarmos-lhes as patas, estranho, não?
2º - Observo que quando levantadas e contra-natura elas levantam para fazerem voos com bastante altitude, característica que não é muito habitual nas perdizes, o que me dizem também disto?

Serão só casos esporádicos ou será que haverá um evoluir nas defesas das perdizes, pois é muito mais dificil caçá-las nestas condições, ou estarão elas também a mostrar-nos que este ano é um ano de defeso e teremos de fazer tréguas na sua caça? Tudo isto se terá de por nos pratos da balança e no final temos de ter os pratos equilibrados pois o meio-ambiente e as suas espécies têm de ser salvaguardados, eles estão a dar-nos sinais e lições de vida e sobrevivência, saibamos também nós estar á altura de tão nobres sentimentos para que no futuro os nossos filhos e nós próprios continuemos a desfrutar deste nosso desporto tão nobre que é a caça.
Fica aqui este meu desabafo e que sirva para todos reflectirem um pouco, boas caçadas e cumprimentos cinegéticos a todos os aficcionados de Santo Huberto.

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